Perguntas Frequentes


Quero tirar meu útero e meus ovários, posso?

Cara leitora, todos nós conseguimos fazer o que quisermos nesta vida. Mas, vou te mostrar o por que de não fazermos isso. Veja, se você tem alguma doença que necessite a retirada dos órgãos sim temos agora uma indicação clara da retirada do mesmo. Entretanto, se você já passou da idade fértil e não gostaria mais de ter os órgãos não recomendo retirá-los. Pesquisas mostram que as mulheres que retiraram os ovários precocemente tiveram menor tempo de vida, pois os ovários participam de vários processos no corpo dentre eles relacionados a absorção óssea, doenças cardiovasculares, entre outras. Adicionando a isto o fato de que com a retirada de todos esses órgãos, incluindo o útero, o cirurgião gastará um tempo maior na cirurgia e você poderá estar exposta a um maior número de complicações, pois será feito um procedimento próximo a estruturas vasculares (veias e artérias), órgãos urinários e intestinais e estes poderão ser lesados apesar de todo cuidado do cirurgião. Por isso o querer nem sempre é poder.

O que significa o termo "lesão ovariana suspeita"?

Durante exames radiológicos como ultrassom, tomografia ou ressonância nuclear magnética de seguimento ou durante algum sintoma que a paciente apresente é visto uma alteração em um ou nos dois ovários. É considerado uma lesão ovariana suspeita quando existe um componente anormal no ovário composto por uma parte líquida, outra sólida, com septos (paredes finas entre o conteúdo do ovário) e vegetações (que são como se fossem verrugas dentro dos ovários). Estas lesões devem ser investigadas associados a exames laboratoriais e quando necessário devem ser ressecadas para um melhor exame e diferenciação entre doenças benignas e malignas. Entretanto, é de extrema importância que essa retirada seja feita por um profissional capacitado no tratamento de doença benigna e maligna para manter os princípios básicos da cirurgia e não comprometa sua vida.

Tenho NIC, LIEAG, LIEB, ASCH, ASC-US no papanicolau. Isto é câncer?

Talvez alguns de vocês não conheçam estes termos citados acima, mas são expressões encontradas em laudos de um exame de papanicolau (que chamamos de citologia cervical, são células retiradas do colo do útero que são analisadas). Veja bem os termos LIEAG, LIEBG, ASC-H e ASC-US são expressões que sugerem que há uma alteração nas células colhidas durante o exame de papanicolau e que devem ser melhor investigadas para que o tratamento necessário que cada uma necessita. NIC é utilizado para uma neoplasia intra-epitelial cervical (ou seja, uma lesão encontrada nas células que foram colhidas durante o papanicolau). Ela é classificada em 3 estágios: NIC I, II e III. A primeira é considerada uma lesão de baixo grau e na maioria das vezes regride com um tratamento simples. As outras duas são consideradas lesões de alto grau e necessitam na grande maioria das vezes de um pequeno procedimento cirúrgico. Entretanto, não é realizado nenhum tratamento definitivo sem uma biópsia que sugira uma lesão. Sendo assim um outro exame que se faz necessário é uma biópsia dirigida do colo do útero guiado por um microscópico (esse exame é chamado de colposcopia). Provavelmente seu ginecologista o fará em você. Ok, mas tenho câncer? Não. Estas são consideradas lesões pré-malignas e necessitam de um tratamento muito menos complexo do que o tratamento oncológico. E, muitos ginecologistas o fazem. Portanto, se você não tem uma biópsia que indique câncer não fique extremamente ansiosa com isso, siga os passos diagnósticos para o sucesso do tratamento.

Qual a diferença entre a cirurgia por corte e a realizada por videolaparoscopia?

Chamamos isso de via de acesso. A via de acesso pode ser por laparotomia (corte) ou videolaparoscopia (pequenas incisões na pele). Existem grandes diferenças entre elas. Começamos por um importante fator a estética. Quando se faz um corte na barriga o processo de cicatrização de cada paciente é diferente e pode ser que tenhamos um resultado estético final não favorável. Na cirurgia por corte a incisão é muito maior do que na videolaparoscopia, por isso o fato de não termos grandes cicatrizes na segunda via de acesso. Outro fator que temos que levar em conta é a recuperação após a cirurgia. Embora estudos mostram que não há diferença há longos períodos após a cirurgia na primeira semana estes mesmos dados mostram uma grande diferença favorecendo a cirurgia por videolaparoscopia pelo fato da paciente deambular precocemente devido a menor dor pós-operatória. A movimentação precoce, inclusive com pequenas caminhadas favorece a parte intestinal (diminuindo o desconforto de sensação de peso na barriga) e a parte vascular evitando assim tromboses e complicações decorrentes destes entupimentos de veias pela diminuição da movimentação dos membros inferiores. Associado a isso as pacientes com doença oncológica podem desenvolver tromboses mais facilmente devido ao ciclo oncológico sendo de extrema importância a movimentação precoce. E, por último um fato extremante importante para a equipe cirúrgica é o fato da cirurgia pela via videolaparoscópica apresentar menor sangramento, tempo cirúrgico menor (após ser atingido um número de cirurgias adequadas, chamamos de curva de aprendizado), menor tempo de hospitalização e alta precoce associados à menor dor no pós operatório.

No meu caso terei que fazer quimioterapia e radioterapia?

Esta pergunta é muito frequente quando uma paciente apresenta uma lesão, nódulo ou algo suspeito que necessita ser investigado melhor e caso necessário ser submetida a cirurgia. Entretanto, quando se vai ao cirurgião a resposta a esta pergunta sempre será: NÃO SEI. Vou te explicar o porque. Para a indicação de tratamentos que nós chamamos de adjuvantes (quimioterapia e radioterapia) ou neo-adjuvantes (antes de iniciar o tratamento cirúrgico) os médicos oncologistas clínicos e radioterapeutas precisam ter algumas informações para indicar o seu melhor tratamento que pode ser um desses ou a terapia associada. Estas informações são fornecidas após um conjuntos de procedimentos como exames laboratoriais, exames radiológicos, biópsia da lesão (e, neste caso deve apresentar uma lesão oncológica) e dados fornecidos pelo patologista após o procedimento cirúrgico de todas as espécies retiradas de seu corpo (útero, ovários, partes intestinais, biópsias, gânglios, etc….). Após serem coletadas todas estas informações seu tumor será classificado em um grupo que chamamos de estadiamento e após isso saberemos se haverá ou não indicação destes procedimentos adjuvantes. Por isso não fique ansiosa quanto a isso. Seguir os passos de forma adequada fará com que você tenha um maior sucesso final do seu tratamento.

Quanto tempo após a cirurgia posso iniciar quimioterapia ou radioterapia?

As vezes a pressa é inimiga da perfeição. Você já ouviu falar neste provérbio antigo? Então no campo da oncologia ele faz parte de nossa rotina diária. Tudo ao seu tempo. A ansiedade muitas vezes causa um transtorno para a paciente que pode afetar psicologicamente o seu tratamento. O mais importante a ser analisado nesta questão é como você está após a realização da cirurgia. Para você ser submetida a um procedimento quimioterápico ou radioterápico é necessário que você não tenha alterações em seus exames de sangue e que as suas incisões (cortes) estejam cicatrizadas. Por isso este tempo pode variar de 3 semanas a poucos meses (caso haja complicações cirúrgicas pós operatórias). Entretanto, após 3 a 6 meses acredita-se que o benefício não seja adequado quando comparado a um tempo próximo a cirurgia.